Tributar combustíveis é uma decisão política

Edison Fernandes

Assistimos na última semana a um intenso debate sobre o retorno da incidência de PIS e Cofins sobre os combustíveis. A desoneração de tributos federais sobre os combustíveis teve a intenção de conter a inflação – embora medida tributária para esse fim sirva para mexer no “termômetro”, não na “febre”.

Prevista para retornar em 1º de janeiro, o governo entrante prorrogou a “reoneração” em 60 dias. Finalmente, o ministro da Fazenda tomou a decisão de restabelecer o PIS e a Cofins sobre combustíveis, embora não totalmente em relação às alíquotas originais.

Como percebemos, houve (e há) justificativas técnicas para todos os gostos. Os que defendiam (e defendem) a desoneração dos combustíveis têm como principal argumento exatamente o controle da inflação. Considerando que os combustíveis são custo básico da atividade econômica, especialmente no Brasil que anda em rodovias, a manutenção da alíquota zero dos tributos manteria a sensação de controle do aumento dos preços.

De outro lado, a “reoneração” era (e é) defendida em razão de, conquanto seja a base do transporte nacional, os combustíveis são produtos bastante consumidos pelas classes mais ricas da população, do desincentivo à utilização de combustível fóssil e, não menos importante, de aumento ou recomposição da arrecadação, portanto, seria medida de ajuste fiscal.

Em situações assim – como na maioria das situações que envolvem questões tributárias –, não há certo ou errado, pois todos os argumentos são válidos, dentro de determinada perspectiva. Portanto, a decisão será sempre política (e, no limite, ideológica). Obviamente, com embasamento técnico, mas a decisão implica uma escolha pelo caminha A ou caminho B. Cabe ao decisor, inicialmente, cercar-se dos fundamentos técnicos e, depois, assumir a responsabilidade pelas consequências da sua escolha.

No caso de PIS/Cofins sobre combustíveis particularmente, ambas as decisões provocam reação do Banco Central na determinação dos juros básicos (Selic). Por exemplo, segurar a inflação que poderia ser causada pelo aumento dos combustíveis em razão dos tributos, indicaria ao Banco Central que a inflação não aumentou; de outro lado, propiciar o aumento da arrecadação tributária indicaria ao regulador monetário sinais de controle fiscal.

Na sua apresentação, o ministro da Fazenda escolheu o segundo caminho: quis mostrar ao Banco Central que tem preocupação com o ajuste fiscal – facilitado, se assim podemos dizer, na sua decisão, pela redução do preço internacional do petróleo. E, de acordo com os comunicados do regulador monetário, essa é a principal preocupação para a manutenção ou quiçá para a redução da taxa Selic.

Fez muito bem o ministro ao tomar sua decisão e explicar detalhadamente as razões técnicas que o conduziu. Críticas, claro, podem haver; no entanto, ficará cada vez mais evidente que são críticas nas premissas, na escolha em si, não de ter sido uma decisão sem fundamento.

Edison Fernandes

Doutor em Direito pela PUC-SP, professor doutor da FEA-USP e da FGV Direito SP, titular da Academia Paulista de Letras Jurídicas

Gostou do artigo? Compartilhe em suas redes sociais

betvisa

iplwin

iplwin login

iplwin app

ipl win

1win login

indibet login

bc game download

10cric login

fun88 login

rummy joy app

rummy mate app

yono rummy app

rummy star app

rummy best app

iplwin login

iplwin login

dafabet app

https://rs7ludo.com/

dafabet

dafabet

crazy time A

crazy time A

betvisa casino

Rummy Satta

Rummy Joy

Rummy Mate

Rummy Modern

Rummy Ola

Rummy East

Holy Rummy

Rummy Deity

Rummy Tour

Rummy Wealth

yono rummy

dafabet

Jeetwin Result

Baji999 Login

Marvelbet affiliate

krikya App

betvisa login

91 club game

daman game download

link vào tk88

tk88 bet

thiên hạ bet

thiên hạ bet đăng nhập

six6s

babu88

elonbet

bhaggo

dbbet

nagad88

rummy glee

yono rummy

rummy perfect

rummy nabob

rummy modern

rummy wealth

jeetbuzz app

iplwin app

rummy yono

rummy deity 51

rummy all app

betvisa app

lotus365 download