Real e preço ameaçam 72% da exportação

Estudo da Fiesp mostra que apenas 7 de 31 setores têm condições favoráveis para vender sua produção no exterior
Segmentos que ainda mantêm cenário positivo respondem por apenas 3% da força de trabalho da indústria e do agronegócio

Apenas 7 de 31 setores da economia brasileira têm hoje condições favoráveis para exportar. Os demais enfrentam condições de preços que exigem compressão de margens ou que os deixam de fora do mercado externo. Mais: os setores que têm condições vantajosas de preços, apesar de responderem por quase um terço das exportações, empregam só 3% da força de trabalho da indústria e da agropecuária.
Os dados, que fazem parte de relatório divulgado ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mostram, na avaliação da entidade, que o desempenho ainda positivo da balança comercial, puxado pelo aquecimento da economia global, esconde situações muito diferentes. “O crescimento mundial caiu no quintal do Brasil [aumentando a procura por produtos que o país exporta]. O período de forte apreciação do real foi acompanhado de forte alta dos preços”, diz Paulo Francini, do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp.
Segundo a Fiesp, só sete setores, que respondem por 28% das exportações, têm condições favoráveis no mercado externo.
Para chegar à conclusão, a Fiesp calculou índices de preços, em reais, das exportações para os 31 setores, de 1980 ao segundo trimestre de 2006. Depois, calculou o preço médio para cada setor no período 1980-2006. A diferença entre o preço atual e o preço médio mostra o quão favorável está o mercado para aquele setor.
Os preços médios das exportações brasileiras são hoje 6,5% superiores ao período 1980-2006. Mas a média esconde situações bem díspares. O setor açucareiro, por exemplo, tem preços de exportação hoje 37% superiores ao preço médio 1980-2006. Como o cálculo é em reais, o indicador considera tanto o efeito do câmbio quanto o efeito do preço dos produtos no mercado internacional.
Os setores podem ser divididos em dois grandes grupos: o dos setores com condição de mercado favorável e o dos com condição não-favorável. Dentro deste último grupo há dez setores que, apesar de terem preços em média menores do que a média histórica, ainda têm alguma margem de manobra para exportar. Eles são responsáveis por exportações que totalizaram US$ 39 bilhões em 2005, ou 39% da pauta brasileira. Esse é o caso, por exemplo, de laticínios, cujo preço atual é 3% inferior à média histórica.
Já setores como químicos, farmacêuticos e plásticos registram preços 10% menores do que a média história, nível a partir do qual a Fiesp considera não haver margem para sustentar as exportações, que eram, em 2005, 37% da pauta.
Outro levantamento, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra que entre o segundo trimestre deste ano e o último do ano passado, a quantidade exportada aumentou em 12 setores, ficou praticamente estável em 3 e caiu em 11.
“O câmbio é uma variável que afeta a balança, mas não é só o câmbio. O preço e as condições de mercado também”, diz Marcelo Nuremberg, do Ipea, argumentando que a diferença de desempenhos mostra que os setores são afetados diferentemente pelo câmbio.
Um agravante, diz Francini, da Fiesp, é o fato de que são justamente os setores em pior situação que empregam mais pessoas. Em 2005, dos 21,5 milhões de pessoas trabalhando na indústria exportadora e na agropecuária, apenas 649 mil, ou 3% do total, estavam empregados nos sete setores que gozam de condições favoráveis de preços para exportar.

Fonte: Folha de S.Paulo

Data da Notícia: 22/09/2006 00:00:00

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