Governo vai desonerar folha para aliviar efeito do câmbio

Claudia Safatle e Arnaldo Galvão – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, encarregou sua equipe de encontrar uma forma de reduzir a tributação sobre a folha de pagamento das empresas intensivas em mão-de-obra. “Não tenho ainda as respostas, mas dou o caminho”, comentou Mantega em entrevista ao Valor. Na opinião do ministro, a fórmula que vinha sendo sugerida, de passar a contribuição previdenciária para o faturamento, resolve um problema mas cria outros. “Já há uma sobrecarga de tributos sobre o faturamento. Teríamos de aumentar a Cofins. Temos de estudar os impactos relativos”, comentou.

Diminuir os custos das empresas por meio da redução de impostos sobre a folha salarial e do corte de gastos financeiros é, para ele, uma maneira correta de reagir à valorização da taxa de câmbio. “A saída teórica é essa”, explica Mantega. Ele considera inevitável “uma certa valorização do câmbio”, em razão dos bons fundamentos da economia e do saldo comercial de US$ 45 bilhões, mas discorda dos cálculos que indicam uma apreciação elevada. Gráficos que farão parte de suas apresentações às agências de “rating”, em Nova York, na semana que vem, indicam valorização de 8% a 10%.

Contrário a qualquer tipo de “artificialismo” para sustentar o câmbio, Mantega sugere que a reação das empresas brasileiras a essa realidade deve ser por meio do aumento de produtividade e da redução de preços e custos. “As indústrias brasileiras são produtivas, caso contrário já teriam perecido”, disse. O setor têxtil – que o ministro considera “sobrevivente” – e o de calçados são muito prejudicados pela concorrência asiática. “Esse é o nosso dilema: a China não tem câmbio flutuante”, afirmou Mantega. Ele acredita que se as empresas chinesas competissem em igualdade de condições, as nossas venceriam a concorrência mesmo nas indústrias de mão-de-obra intensiva.

Na avaliação do ministro, o saldo comercial pesa mais na formação da taxa de câmbio do que o ganho de arbitragem (diferencial dos juros externos e internos) – este último um problema “em eliminação”. Ele garante que as mudanças na diretoria do BC não implicarão mudanças na política monetária e cambial.

Sobre a política de acumulação de reservas, comentou: “Todo mundo respeita uma grande reserva. Quem não respeita US$ 100 bilhões? Com R$ 200 bilhões, respeitam mais ainda”.

Fonte: Valor Online

Data da Notícia: 12/04/2007 00:00:00

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