Brasil ocupa última posição em ranking de retorno de serviços para a sociedade
O Brasil ocupa o último lugar em um ranking com 30 países que mostra o retorno dos valores arrecadados em forma de tributos para serviços que geram bem-estar à população.
A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), na 9ª edição do Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (IRBES).
Os dados são da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede o grau de desenvolvimento em relação à educação, saúde e renda em determinada região.
“O IRBES é a somatória do valor numérico relativo à carga tributária do país, com uma ponderação de 15%, com o valor do IDH, que recebeu uma ponderação de 85%, por entendermos que o IDH elevado é muito mais representativo e significante que o percentual da carga tributária. Quanto maior o valor do índice, melhor é o retorno da arrecadação dos tributos para a população”, explica o IBPT.
O Brasil está atrás de países da América Latina, como Uruguai e Argentina.
A Irlanda, país em primeiro lugar no ranking, tem uma carga tributária pequena, de 22,3%, quando comparada a outros países do estudo, mas tem um excelente nível de desenvolvimento, o que faz com que tenha atingido o maior valor referente ao IRBES.
“É possível arrecadar e investir. Vemos países da América do Sul, como Uruguai e Argentina que têm um índice de retorno maior que o do Brasil. A campeã, Irlanda, também é um excelente exemplo de carga tributária baixa e alto desenvolvimento”, afirma João Eloi Olenike, presidente executivo do IBPT.
A Irlanda tem pouco mais de 4,6 milhões de habitantes, que tem expectativa de vida de 82 anos,com 67% da população entre 15 e 64 anos empregada e ótimos índices de escolaridade e desenvolvimento social.
Tributos no Brasil
É importante ressaltar que é a 9ª vez que o Brasil ocupa a última posição do ranking. Segundo o presidente do IBPT, é preciso destilar o orçamento de maneira assertiva e eficaz.
“É essencial utilizar melhor os recursos arrecadados e aplicá-los em investimentos que possam trazer melhoria efetiva na qualidade de vida da população. O valor que o Brasil destina atualmente para investimentos que tragam crescimento no IDH é muito baixo. O orçamento do país é muito engessado e enquanto não houver mudanças significativas nessa questão da alocação dos recursos, tende a continuar sempre assim”, ressalta João Eloi Olenike.
Segundo ele, quando os investimentos são bem aplicados, a qualidade de vida da população brasileira aumenta significativamente, por mais que outros fatores interfiram nisso diretamente.
“É preciso observar a questão do custo no Brasil. Muitos deixam de investir aqui porque os custos são muito altos, a tributação é alta, tem insegurança jurídica, portos que não são muito eficientes, estradas pedagiadas, isso quando são boas, pois em maioria são ruins”
Olenike ainda acrescenta que existe também a questão da logística do transporte, que não é adequada ao tamanho do país e a burocracia. “Tudo isso contribui para formar o chamado custo Brasil, sendo que a alta tributação é um dos maiores custos que nós temos em relação à chamada de investimentos externos”, explica.
IBPT
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) atua desde 1992 na área de inteligência tributária ao realizar pesquisas, estudos e análises para gerar conhecimento e esclarecer a população sobre o complexo sistema tributário brasileiro.
Ao mesmo tempo, vem transmitindo informações e dando consultoria estratégica sobre carga tributária setorial, implementando sistemas de governança tributária e desenvolvendo ferramentas e métodos a fim de incrementar a lucratividade das empresas.
DANIELLE NADER
Jornalista e Coordenadora de Conteúdo do Portal Contábeis Instagram: @daniellenader