Boucinhas Terá que Indenizar Polyplaster
A Boucinhas & Campos+Soteconti poderá ter de pagar cerca de R$ 6 milhões numa ação movida por um ex-cliente, que acusa a firma de auditoria de não ter evitado uma fraude.
A decisão da Justiça é final, mas a Boucinhas está contestando o valor, alegando que o laudo pericial teria sido feito de maneira “precária”.
A ação foi movida, em setembro de 1997, pela Polyplaster, fabricante de tubos plásticos de Betim (MG). A empresa pediu indenização pelo prejuízo causado por uma ex-funcionária, que fraudava a folha de pagamento.
O desvio ocorreu entre 1990 e 1994, período em que a Boucinhas atuava com auditor externo da companhia. Segundo Fernando Procópio de Lima Netto, presidente da Polyplaster, o esquema da funcionária foi descoberto pela administração da empresa. “A auditoria não cumpriu o que se propôs a fazer”, disse. “O pessoal que fazia o trabalho não era qualificado.”
A Boucinhas alega que a detecção de fraude não faz parte do trabalho de auditoria de balanços. “Fomos condenados por algo para o qual não fomos contratados”, diz Toshio Nishioka, sócio da Boucinhas.
A discussão sobre os limites do trabalho da auditoria de balanços não é nova, mas voltou com mais força depois dos escândalos contábeis recentes.
Em julgamento recente, a PricewaterhouseCoopers conseguiu uma decisão favorável contra os ex-controladores do banco Noroeste, que acusam a auditoria de “imperícia” no caso de desvio de US$ 242 milhões.
Já Boucinhas não teve a mesma sorte. Apesar de se tratar de um valor muito menor em relação ao caso Noroeste, os R$ 6 milhões representam “parcela significativa” do faturamento da Boucinhas, diz Nishioka, sem revelar números.
A PwC é uma das maiores auditorias do mundo, com faturamento global de US$ 17, 6 bilhões. A Boucinhas, fundada em 1947, tem atuação nacional e aparece em sexto lugar no ranking de auditoria de companhias abertas, com 16 clientes.
“Não reconhecemos a culpa porque em nenhum momento o mérito [os limites da atuação do auditor] foi apreciado”, afirma. “No entanto, agora só resta discutir o valor e, para isso, o laudo precisa ser refeito porque o atual é precário e não comprova o valor desviado.”
A Boucinhas foi condenada em primeira instância, recorreu e conseguiu do juiz do Tribunal de Alçada de Minas Gerais a confirmação de que “não tinha obrigação de apurar desfalques”. No entanto, o juiz também entendeu que a amostragem usada no trabalho de auditoria foi insuficiente. “Se fosse mais ampla, ela teria apurado ocorrências patrimoniais que escaparam do registro contábil”, diz Caetano Levi Lopes em seu voto.
Mesmo assim, o juiz entendeu que parte da culpa cabia à administração da empresa e mandou que a condenação fosse reduzida à metade. A indenização, de R$ 6 milhões, foi fixada em outubro.
“O recurso [da Boucinhas] não tem base”, diz Lima. “Eles só estão tentando protelar o pagamento.” O executivo diz ter tentado negociar com auditoria, sem sucesso. “Não vamos negociar sobre um valor irreal”, afirma Nishioka
A decisão da Justiça é final, mas a Boucinhas está contestando o valor, alegando que o laudo pericial teria sido feito de maneira “precária”.
A ação foi movida, em setembro de 1997, pela Polyplaster, fabricante de tubos plásticos de Betim (MG). A empresa pediu indenização pelo prejuízo causado por uma ex-funcionária, que fraudava a folha de pagamento.
O desvio ocorreu entre 1990 e 1994, período em que a Boucinhas atuava com auditor externo da companhia. Segundo Fernando Procópio de Lima Netto, presidente da Polyplaster, o esquema da funcionária foi descoberto pela administração da empresa. “A auditoria não cumpriu o que se propôs a fazer”, disse. “O pessoal que fazia o trabalho não era qualificado.”
A Boucinhas alega que a detecção de fraude não faz parte do trabalho de auditoria de balanços. “Fomos condenados por algo para o qual não fomos contratados”, diz Toshio Nishioka, sócio da Boucinhas.
A discussão sobre os limites do trabalho da auditoria de balanços não é nova, mas voltou com mais força depois dos escândalos contábeis recentes.
Em julgamento recente, a PricewaterhouseCoopers conseguiu uma decisão favorável contra os ex-controladores do banco Noroeste, que acusam a auditoria de “imperícia” no caso de desvio de US$ 242 milhões.
Já Boucinhas não teve a mesma sorte. Apesar de se tratar de um valor muito menor em relação ao caso Noroeste, os R$ 6 milhões representam “parcela significativa” do faturamento da Boucinhas, diz Nishioka, sem revelar números.
A PwC é uma das maiores auditorias do mundo, com faturamento global de US$ 17, 6 bilhões. A Boucinhas, fundada em 1947, tem atuação nacional e aparece em sexto lugar no ranking de auditoria de companhias abertas, com 16 clientes.
“Não reconhecemos a culpa porque em nenhum momento o mérito [os limites da atuação do auditor] foi apreciado”, afirma. “No entanto, agora só resta discutir o valor e, para isso, o laudo precisa ser refeito porque o atual é precário e não comprova o valor desviado.”
A Boucinhas foi condenada em primeira instância, recorreu e conseguiu do juiz do Tribunal de Alçada de Minas Gerais a confirmação de que “não tinha obrigação de apurar desfalques”. No entanto, o juiz também entendeu que a amostragem usada no trabalho de auditoria foi insuficiente. “Se fosse mais ampla, ela teria apurado ocorrências patrimoniais que escaparam do registro contábil”, diz Caetano Levi Lopes em seu voto.
Mesmo assim, o juiz entendeu que parte da culpa cabia à administração da empresa e mandou que a condenação fosse reduzida à metade. A indenização, de R$ 6 milhões, foi fixada em outubro.
“O recurso [da Boucinhas] não tem base”, diz Lima. “Eles só estão tentando protelar o pagamento.” O executivo diz ter tentado negociar com auditoria, sem sucesso. “Não vamos negociar sobre um valor irreal”, afirma Nishioka