Nó fiscal é maior entrave à expansão, dizem economistas

A economia brasileira enfrenta uma espécie de nó fiscal. Se há menos de quatro anos era o setor externo o que mais preocupava a maioria dos economistas, inclusive os do governo, hoje quase todos apontam a política fiscal como a principal barreira para que o Brasil possa crescer mais que os minguados 3% previstos para este ano.

O setor externo, com o aumento das exportações, o acúmulo de reservas e o pagamento de parte importante da dívida externa, não preocupa mais como antes. Pelo contrário, hoje a discussão é até se é necessário continuar acumulando ou não reservas, com alguns economistas argumentando que o custo de comprar mais dólares é alto e que essa política não seria mais necessária.

“O Brasil está muito menos vulnerável do que no passado, e essa mudança é muito importante”, diz Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC. Depois de eliminar quase todos os grande fatores de vulnerabilidade externa, avalia Bassoli, falta ao Brasil atacar o fator interno que ainda o torna vulnerável: o lado fiscal. Leia-se por lado fiscal, por um lado, os gastos do governo e, por outro, como ele financia esses gastos, ou seja, o tamanho e o perfil da carga tributária.

É verdade que não é só contra impostos altos que clamam empresários, investidores e trabalhadores. Ao lado da carga tributária, os juros elevados são igualmente apontados como causa do baixo crescimento. Mas, para parte importante dos economistas, é justamente a alta dívida pública -resultado da política fiscal frouxa no passado- que obriga o país a conviver com elevadas taxas de juros. Um ajuste fiscal de melhor qualidade, que reduzisse a dívida em velocidade um pouco maior, dizem, ajudaria na redução mais acelerada dos juros.

Não é difícil entender o porquê. Se o governo arrecada muito, está competindo por recursos com o setor privado e, portanto, pressiona o custo do dinheiro, ou seja, a taxa de juros, para cima. Por outro lado, se tem uma dívida muito alta, o governo precisa oferecer taxas de juros atraentes para convencer investidores a financiar a sua dívida.

“Durante muito tempo nós tivemos o lado externo e o lado fiscal [como empecilhos ao crescimento]. O lado externo está encaminhado. Agora restou o lado fiscal”, diz Bráulio Borges, da LCA Consultores.

É verdade que o governo tem feito, desde 1999, um esforço relativamente grande para economizar recursos e pagar os juros da dívida, tentando estabilizar e derrubar a relação entre o endividamento e o tamanho da economia, a chamada relação dívida/PIB.

Mas, lembra Borges, esse esforço foi feito basicamente com elevação dos impostos, ou seja, com aumento da carga tributária. “O ajuste fiscal foi de péssima qualidade”, diz o economista da LCA. Não foi apenas por basear-se só no aumento de impostos que o ajuste fiscal foi ruim. Quando teve que cortar gastos, foi justamente nos gastos com investimentos que o governo apertou o cinto. “Hoje os gastos com investimento não chegam a 0,5% do PIB, percentual que já chegou a 2%”, afirma Borges.

Assim, por um lado, o governo retirou mais recursos da economia, aumentando impostos. Por outro, gastou menos em áreas que ajudariam a economia a crescer mais, como em infra-estrutura.

Uma carga que ronda os 37% do PIB, lembra Bassoli, deixa o país longe da maioria das economias com grau de desenvolvimento parecido com o do Brasil. Com carga tributária mais alta e câmbio se valorizando em relação aos concorrentes, acrescenta Borges, o Brasil perde competitividade na comparação com os demais países emergentes.

A receita para resolver o problema, guardadas algumas nuances que dependem do economista consultado, geralmente gira em torno de dois pontos principais: reformar a Previdência, responsável por parte importante do déficit público, e conter os gastos correntes do governo.

É claro que, feita a lição básica, os brasileiros teriam que seguir remodelando o aparelho fiscal. Afinal, anos de ajuste fiscal de má qualidade só fizeram crescer os defeitos da tributação brasileira, concentrada em impostos sobre serviços e produção –tributaristas concordam que a tributação da renda é mais eficiente e justa– e de caráter regressivo -acaba pagando mais quem tem menos.

Fonte: Folha on line

Data da Notícia: 18/09/2006 00:00:00

Gostou do notícia? Compartilhe em suas redes sociais

dafabet

iplwin

iplwin login

iplwin app

ipl win

depo 25 bonus

slot deposit pulsa

1win login

indibet login

bc game download

10cric login

fun88 login

rummy joy app

rummy mate app

yono rummy app

rummy star app

rummy best app

iplwin login

iplwin login

dafabet app

https://rs7ludo.com/

dafabet

dafabet

crazy time A

crazy time A