Indústria de autopeças quer restringir importações no Mercosul
As indústrias de autopeças dão hoje o primeiro passo para a criação de uma política tarifária comum do Mercosul para o setor. Será apresentado oficialmente à indústria montadora de veículos do Brasil e da Argentina uma lista de itens para os quais se propõe que seja aplicado um tratamento específico para importações de dentro do bloco.
A lista foi aprovada na quinta-feira à noite, no balneário uruguaio de Punta del Leste, durante uma reunião dos membros do Conselho de Fabricantes de Autopeças do Mercosul (Mercoparts), na véspera do 1º Congresso Mercoparts 2006. Participaram do Congresso representantes das indústrias e governos de ambos os segmentos, dos quatro países do bloco – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Segundo contou ao Valor o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, a lista contém 20 itens selecionados entre os mais importados pelas montadoras nos últimos três anos. Butori não quis detalhar a lista antes de apresentá-la às montadoras. Mas disse que estão no topo da relação motores e caixas de câmbio cuja fabricação local não atende a todos os modelos de carros produzidos na Região.
Para estes 20 itens, a proposta do Mercoparts é que seja aplicada uma alíquota de importação de 2%, o que é bem menor que a faixa de alíquotas aplicada hoje no Brasil, de 9,2% a 11,4% e a Tarifa Externa Comum (TEC), de 14% a 18% aplicada ao setor na Região. Fora dessa lista, a intenção é que prevaleça a TEC para todos os produtos, nos quatro países do bloco.
A idéia é que, com restrições à importação de todos os itens fora da lista, a indústria local de autopeças possa se beneficiar de “preços melhores de venda”, disse Butori. “Com essa lista, o que eles (as montadoras) perdem pagando um preço melhor para o setor, ganharão com menores alíquotas de importação”, afirmou o presidente do Sindipeças. Como está hoje, disse, “nossos preços de venda ficam prejudicados porque competimos com o mundo todo”.
A proposta será apresentada à Anfavea e à Adefa, as entidades que reúnem as fábricas de automóveis de Brasil e Argentina, respectivamente, e depois submetidas aos governos de ambos os países. “A lista é preliminar e as montadoras têm o direito de modificá-la” esclareceu Butori. “O que se pretende é que cada montadora faça sua lista, que depois será submetida aos governos”.
A negociação de uma nova política de importação de autopeças para o Mercosul foi acertada no fim de junho, quando foi fechado o novo acordo automotivo da região. Ficou estabelecido o prazo de 31 de dezembro para que um acordo fosse encontrado entre as indústrias e aprovado pelos governos. Atualmente, o Brasil dá desconto de 40% na importação de autopeças de países de fora do Mercosul, o que tem provocado queixas dos fabricantes locais, que consideram desleal a concorrência com outros países.
A julgar pelos discursos dos representantes das montadoras durante o Congresso Mercoparts, o debate que se lança a partir de agora entre os fabricantes de carros e os de autopeças não será fácil. As montadoras deixaram claro que não estão dispostas a ver seus custos se elevarem em uma conjuntura global extremamente competitiva e que estão mais preocupadas hoje em ganhar novos mercados fora do Mercosul. “Há um ´tsunami´ que chega da China e no Brasil esse ´tsunami´ já chegou”, afirmou Rogelio Golfarb, presidente da Anfavea, referindo-se à importação de veículos asiáticos.
Elizabeth Carvalhaes, diretora de Assuntos Governamentais da Volkswagen do Brasil e também da Anfavea, lembrou que embora a China seja um concorrente de peso, a indústria tem também um forte competidor nos países do Leste Europeu. Além dos custos de mão-de-obra mais baixos, aqueles países contam, segunda ela, com as mesmas plantas instaladas no Mercosul e têm um ganho de logística imbatível que é estar ao lado de um dos maiores mercados consumidores, a Europa Ocidental.
Nesse cenário, disse Carvalhaes, “cada centavo de dólar compromete ou favorece um competidor”. Segundo ela, o setor está preocupado em iniciar rapidamente as negociações bilaterais para abertura de novos mercados para os carros produzidos no Mercosul e que está articulando com o governo brasileiro a reabertura de negociações, em setembro, com a União Européia, em uma tentativa de ocupar o vácuo deixado com o fracasso da Rodada Doha de negociações multilaterais. “Entendemos que se ficássemos estagnados no confinamento do Mercosul não seria suficiente para esgotar a capacidade de produção da indústria brasileira”, afirmou a executiva.
A lista foi aprovada na quinta-feira à noite, no balneário uruguaio de Punta del Leste, durante uma reunião dos membros do Conselho de Fabricantes de Autopeças do Mercosul (Mercoparts), na véspera do 1º Congresso Mercoparts 2006. Participaram do Congresso representantes das indústrias e governos de ambos os segmentos, dos quatro países do bloco – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Segundo contou ao Valor o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, a lista contém 20 itens selecionados entre os mais importados pelas montadoras nos últimos três anos. Butori não quis detalhar a lista antes de apresentá-la às montadoras. Mas disse que estão no topo da relação motores e caixas de câmbio cuja fabricação local não atende a todos os modelos de carros produzidos na Região.
Para estes 20 itens, a proposta do Mercoparts é que seja aplicada uma alíquota de importação de 2%, o que é bem menor que a faixa de alíquotas aplicada hoje no Brasil, de 9,2% a 11,4% e a Tarifa Externa Comum (TEC), de 14% a 18% aplicada ao setor na Região. Fora dessa lista, a intenção é que prevaleça a TEC para todos os produtos, nos quatro países do bloco.
A idéia é que, com restrições à importação de todos os itens fora da lista, a indústria local de autopeças possa se beneficiar de “preços melhores de venda”, disse Butori. “Com essa lista, o que eles (as montadoras) perdem pagando um preço melhor para o setor, ganharão com menores alíquotas de importação”, afirmou o presidente do Sindipeças. Como está hoje, disse, “nossos preços de venda ficam prejudicados porque competimos com o mundo todo”.
A proposta será apresentada à Anfavea e à Adefa, as entidades que reúnem as fábricas de automóveis de Brasil e Argentina, respectivamente, e depois submetidas aos governos de ambos os países. “A lista é preliminar e as montadoras têm o direito de modificá-la” esclareceu Butori. “O que se pretende é que cada montadora faça sua lista, que depois será submetida aos governos”.
A negociação de uma nova política de importação de autopeças para o Mercosul foi acertada no fim de junho, quando foi fechado o novo acordo automotivo da região. Ficou estabelecido o prazo de 31 de dezembro para que um acordo fosse encontrado entre as indústrias e aprovado pelos governos. Atualmente, o Brasil dá desconto de 40% na importação de autopeças de países de fora do Mercosul, o que tem provocado queixas dos fabricantes locais, que consideram desleal a concorrência com outros países.
A julgar pelos discursos dos representantes das montadoras durante o Congresso Mercoparts, o debate que se lança a partir de agora entre os fabricantes de carros e os de autopeças não será fácil. As montadoras deixaram claro que não estão dispostas a ver seus custos se elevarem em uma conjuntura global extremamente competitiva e que estão mais preocupadas hoje em ganhar novos mercados fora do Mercosul. “Há um ´tsunami´ que chega da China e no Brasil esse ´tsunami´ já chegou”, afirmou Rogelio Golfarb, presidente da Anfavea, referindo-se à importação de veículos asiáticos.
Elizabeth Carvalhaes, diretora de Assuntos Governamentais da Volkswagen do Brasil e também da Anfavea, lembrou que embora a China seja um concorrente de peso, a indústria tem também um forte competidor nos países do Leste Europeu. Além dos custos de mão-de-obra mais baixos, aqueles países contam, segunda ela, com as mesmas plantas instaladas no Mercosul e têm um ganho de logística imbatível que é estar ao lado de um dos maiores mercados consumidores, a Europa Ocidental.
Nesse cenário, disse Carvalhaes, “cada centavo de dólar compromete ou favorece um competidor”. Segundo ela, o setor está preocupado em iniciar rapidamente as negociações bilaterais para abertura de novos mercados para os carros produzidos no Mercosul e que está articulando com o governo brasileiro a reabertura de negociações, em setembro, com a União Européia, em uma tentativa de ocupar o vácuo deixado com o fracasso da Rodada Doha de negociações multilaterais. “Entendemos que se ficássemos estagnados no confinamento do Mercosul não seria suficiente para esgotar a capacidade de produção da indústria brasileira”, afirmou a executiva.