CPMF é moeda de troca

Com a proximidade da votação do imposto sobre cheque, partidos da base aliada aumentam a pressão contra o Planalto para ocupar cargos do segundo escalão

Diante da promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer a maioria das indicações para cargos de segundo e terceiro escalões até o fim da próxima semana, partidos da base aliada e até o PT começaram uma nova ofensiva sobre o Palácio do Planalto em busca de posições no governo. Concorrentes no páreo que decidirá o rateio dos postos, líderes de pelo menos três das 11 legendas que formam a coalizão governista procuraram o ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, para fazer lobby a favor de seus apadrinhados. A pressão é facilitada pelo fato de que o governo não tem uma agenda comum dos partidos aliados, mas apenas uma necessidade vital: a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que governadores e prefeitos querem que seja repartida com estados e municípios.

O governo depende de três quintos dos votos de deputados (513) e senadores (81) para aprovar a proposta de prorrogação da CPMF. Na Câmara dos Deputados, o líder José Múcio Monteiro (PTB-PE) tem dificuldades para enquadrar a base governista. Ontem, ficou claro na reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), relator do projeto de renovação da CPMF. Ambos deixaram claro que a pressão de prefeitos e governadores sobre a bancada do PMDB é grande e que será difícil manter o controle. “A bancada é muito capilarizada”, argumenta Alves. A tradução é a seguinte: o governo precisa acelerar as nomeações e a liberação de emendas parlamentares.

No lado petista, a insatisfação também é grande. “O governo precisa agilizar as definições em relação ao segundo escalão”, queixa-se o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP). Uma parte da bancada está insatisfeita com o fato de que o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente da legenda, Ricardo Berzoini (PT-SP), estão fazendo a maioria das indicações para os cargos ocupados pela legenda no governo, sem levar em conta as reivindicações da bancada federal.

Aliança
No Senado, a situação se repete. Na quarta-feira à noite, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), tentou emplacar o ex-deputado petista Jorge Boeira na presidência da Eletrosul. Em reunião com Walfrido, Ideli disse que o PMDB, que defende a indicação do ex-governador Paulo Afonso para o mesmo posto, já tem 20 cargos federais no estado. Ideli também afirmou que o PMDB catarinense está negociando com o DEM aliança nas eleições municipais do ano que vem. Estaria, assim, contrariando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na reunião do Conselho Político na semana passada pediu aos governistas que tentassem manter a parceria nas próximas eleições. “Na quinta-feira da semana passada, o governador Luiz Henrique almoçou com o (ex-senador) Jorge Bornhausen. A aliança entre PMDB e DEM em Santa Catarina está mais sólida do que nunca”, declarou Ideli.

PT e PMDB são protagonistas no duelo pelos cargos de direção em estatais do setor elétrico. Disputam, entre outros, o direito de indicar o presidente da Eletrobrás. Na terça-feira, foi a vez de o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA), procurar Walfrido. O partido defende a indicação do ex-deputado Leodegar Tiscoski (SC) para a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades. Além disso, quer uma diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a confirmação em público de que o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, foi indicado pelo PP. Em conversas reservadas, parlamentares do partido não escondem que, se a fatura não for paga, o troco pode ser dado na votação da proposta da CPMF.

“Até agora não saiu nada”, reclamou Negromonte. A mesma queixa é feita pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). “O partido ainda não foi contemplado”. O PTB pressiona para emplacar aliados, por exemplo, em delegacias regionais do trabalho.

Fonte: Correio Braziliense

Data da Notícia: 10/08/2007 00:00:00

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