Telexfree fica na mira da Receita Federal
Fisco nacional vem investigando as movimentações da empresa no Espírito Santo e em todo o país
A Delegacia da Receita Federal no Espírito Santo terá acesso a toda a documentação envolvendo a ação civil pública e a medida cautelar abertas contra a Telelxfree no Acre.
O Fisco nacional desde o início do ano vem investigando as movimentações da empresa no Espírito Santo e em todo o país.
Em setembro, como A GAZETA noticiou com exclusividade, a Receita Federal confirmou que além dos donos da companhia, estão na mira da fiscalização os associados, chamados pela empresa de divulgadores. Alguns dizem ter ficado milionários ao comercializar o VoiP oferecido pela Telexfree.
Segundo a Delegacia da Receita Federal em Vitória, ainda não é possível dar detalhes sobre as apurações devido à necessidade de manter o sigilo fiscal das pessoas envolvidas.
A autorização para que o Fisco consiga os dados da ação civil pública foi concedida pela juíza Thaís Khalil, na última quinta-feira, junto com a sentença da ação preliminar aberta contra a empresa pelo Ministério Público.
Na decisão, a juíza também manteve o bloqueio das atividades da empresa e o congelamento do capital financeiro e dos bens de sócios e da empresa.
Ela autorizou ainda a quebra do sigilo fiscal da Telexfree e dos proprietários do negócio, Carlos Costa e Carlos Wanzeler. A Receita Federal terá que apresentar informações sobre as cinco declarações de Imposto de Renda da empresa e de seus donos.
Livre para acessar a documentação do processo, o Fisco poderá conhecer quem são os divulgadores da empresa e quanto cada um investiu e mesmo o valor de Imposto de Renda recolhido ou retido pela empresa.
Suspeita de pirâmide
As investigações contra a Telexfree começaram por causa da suspeita de a empresa ser uma pirâmide financeira. Com sede em Vitória, a corporação, cuja razão social é Ympactus Comercial, está bloqueada desde junho pela Justiça do Acre.
No Espírito Santo, a empresa também é alvo de um inquérito criminal aberto pela Delegacia de Defraudações, mas o processo foi transferido para a Departamento da Polícia Federal no Estado. Aqui, a investigação agora corre sob sigilo.
A empresa já é vista pelos órgãos de defesa do consumidor como um dos maiores golpes financeiros da história. A estimativa é de que mais de 1 milhão de pessoas tenham se envolvido no esquema.
Nos próximos dias, uma auditoria será nomeada pela Justiça do Acre para realizar uma perícia em toda a documentação fiscal, contábil e colher depoimentos e testemunhos para confirmar se a Telexfree atua realmente de forma fraudulenta.
Assim que for nomeada, a empresa escolhida para fazer a auditoria terá que apresentar em 20 dias o laudo técnico sobre os negócios da companhia.
Desde o início das investigações a Telexfree nega cometer quaisquer irregularidades. E afirma atuar no setor de marketing multinível para realizar a venda de VoIP.
Telexfree corre risco de perder hotel no Rio
Inadimplente, a Telexfree corre novamente risco de perder o Tijuca Design Hotel SPE, no Rio de Janeiro. Desde junho, quando foi bloqueada pela Justiça, a companhia não paga as prestações do investimento.
Em outubro, a juíza do Acre, Thaís Khalil, responsável em julgar a ação civil aberta contra a empresa, havia decidido liberar parte dos recursos bloqueados para a quitação da compra. Porém, na quinta-feira, a magistrada suspendeu o alvará enquanto o Tribunal de Justiça do Acre não avaliar o recurso contra a medida aberto pelo Ministério Público.
A empresa está com cinco parcelas em atraso, no valor total de R$ 4,6 milhões e ainda deve mais
R$ 12 milhões, divididos em 13 parcelas. Em nota, a Design Hotel Tijuca diz que aguarda os prazos previstos no contrato de compra para tomar medidas contra a inadimplência.
Entenda
Contas bloqueadas
A Telexfree está com as contas bloqueadas pela Justiça do Acre desde junho. A empresa está impedida de pagar os associados e de recrutar novos integrantes. A empresa é também investigada pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal no Espírito Santo.
Apurações fiscais
A Receita Federal, desde o início do ano, está investigando a Telexfree. Em setembro, conforme foto acima, o órgão afirmou investigar também os associados da empresa.