Nota fiscal eletrônica movimenta negócios

André Borges – A partir do dia 1º de abril, empresas que atuam nos setores de distribuição de combustíveis e de tabaco terão que aposentar de vez seus talões de nota fiscal e passar a emitir cupons em formato 100% digital. A exigência é nacional e dessa vez, segundo a Receita Federal, o prazo não será adiado. A data inicial para a migração das notas era 1º de janeiro.

A menos de dois meses do prazo final, as empresas correm para acertar sistemas e equipamentos que suportarão a nota fiscal eletrônica (NF-e). “Estamos na fase dos detalhes”, diz Josefino Borges, gerente de tributos indiretos da Souza Cruz. A fabricante de cigarros já emite 200 mil notas por mês em formato digital. A partir de março, serão 300 mil emissões.


Acertos finais também são feitos pelas equipes de tecnologia e finanças da Philip Morris, que já gastou R$ 2 milhões com seu projeto de NF-e. Em fase de testes, a companhia é apoiada por 23 profissionais da consultoria Ernst & Young e da fabricante de sistemas Soft Team, especializada nas áreas fiscal e tributária. “O projeto vai bem, o software está sendo integrado ao sistema de faturamento”, comenta Fernando Vieira, gerente de impostos e tesouraria da Philip Morris. “Nossa preocupação é saber se nossos distribuidores conseguirão cumprir o prazo da Receita.”


Ao contrário da Souza Cruz, que é dona de praticamente toda a rede de distribuição, a concorrente Philip Morris tem cerca de 30% desse serviço nas mãos de terceiros. “Acreditamos que nossos grandes parceiros conseguirão atender o prazo, mas não temos como controlar a migração com as pequenas empresas”, diz Bernard Demoulin, diretor de finanças da Philip Morris.


A idéia de iniciar a adoção da NF-e pelos setores de tabaco e combustível deve-se à forte carga tributária que recai sobre essas indústrias, diz Claudionor Barbosa, diretor-adjunto da Receita Estadual do Rio Grande do Sul. Como a NF-e é automaticamente informada à Receita e emitida pelo usuário com uso de autenticação digital, há mais dificuldade de se burlar o fisco. “Somos os maiores interessados em ver a nota fiscal eletrônica acontecendo para valer”, diz Édio Nogueira, presidente da distribuidora FIC Petróleo. A empresa, que emite 20 mil notas por mês, injetou R$ 1 milhão em suas transações de NF-e.


Projetos como esses aguçam cada vez mais o interesse de grandes fornecedores de tecnologia, que passaram a ver na NF-e uma mina de ouro. A IBM acaba de firmar uma parceria com a brasileira Mastersaf, especializada em sistemas para a área tributária. A proposta é levar para o usuário toda a estrutura necessária para emitir uma NF-e, mas sem que o cliente tenha que comprar tecnologia para isso. “O modelo é o de serviço”, diz David Dias, gerente de alianças estratégicas da IBM para América Latina. “O custo mensal pago varia conforme o volume de notas emitidas e as características do produto. Pode ser um investimento de R$ 100 mil ou de mais de R$ 1 milhão.”


Nesse pacote de serviços, a IBM entra com seu centro de dados para hospedar as notas eletrônicas do usuário, enquanto a Mastersaf realiza as transações por meio de seu sistema. Juntas, as empresas querem arrematar cerca 120 clientes até o fim deste ano. Companhias como Pão de Açúcar e Ambev já estão entre os usuários.


A oferta de tecnologia para a NF-e também mexe com os planos da Sonda Procwork, que começou a trabalhar no desenvolvimento de um sistema há cerca de três anos. Com doze clientes na carteira – entre eles General Motors, Souza Cruz, TIM, Pirelli, Shell e Esso – a Sonda Procwork alocou 15 pessoas para o desenvolvimento de seu produto e mais 40 profissionais na implantação dos projetos. Segundo Carlos Kazuo Tomomitsu, diretor da companhia, foram investidos R$ 3 milhões para chegar à ferramenta que a companhia tem hoje, mas novos projetos estão na pauta.


Até agora a Sonda vende a tradicional licença de software e serviço de suporte, mas a idéia é passar a atuar no modelo de serviço, como faz a IBM. “Até dezembro finalizamos a construção de um prédio em Santana do Parnaíba; será nosso centro de dados para hospedar as operações”, comenta Tomomitsu. “Neste ano, a nota eletrônica deixa de ser uma linha de investimento e passa a gerar resultados.”


A fabricante de sistemas de segurança True Access, do grupo TBA, é uma das companhias que já começou a colher frutos. De seus 30 clientes de NF-e, dez foram ganhos nos últimos 90 dias, diz Celso Souza, diretor geral da empresa. A expectativa é fechar ao menos 200 contratos até dezembro. Não é uma meta descabida. É só lembrar que, a partir de setembro, a obrigatoriedade da NF-e também será estendida a fabricantes de cimento, veículos e bebidas, além de frigoríficos, empresas de energia elétrica, fabricantes e distribuidores de medicamentos e siderúrgicas.

Fonte: Valor Online

Data da Notícia: 08/02/2008 00:00:00

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