Maioria das pequenas empresas estimam impactos com a reforma tributária
Empresários de micro e pequenas empresas no Brasil começam a avaliar os impactos das mudanças previstas pela Reforma Tributária, que entra em vigor gradualmente a partir de 2026. A Sondagem Omie das Pequenas Empresas, realizada com 285 líderes de empresas optantes pelo Simples Nacional, revelou que 65% dos participantes acreditam que as novas regras terão impacto direto em seus negócios.
Enquanto 26% dos entrevistados afirmaram não saber como a reforma influenciará suas operações, apenas 9% consideram que as mudanças não afetarão o cotidiano empresarial. Os dados indicam um cenário de incertezas para as empresas, que precisarão se adaptar a um sistema tributário remodelado, com novos tributos e prazos de adequação.
Principais mudanças: o IVA e a simplificação tributária
Entre as alterações mais relevantes está a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que substituirá cinco tributos atuais — Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) , Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) — por uma única cobrança.
De acordo com a pesquisa, 59% dos empresários têm conhecimento dessa mudança, que promete simplificar o sistema tributário e trazer mais transparência ao recolhimento de impostos. Contudo, especialistas alertam que a transição para o IVA pode ser desafiadora, especialmente no curto prazo.
A eliminação da cumulatividade de impostos é outro ponto destacado. Para muitas empresas, isso significa a necessidade de uma revisão detalhada de aspectos como fluxo de caixa, capital de giro, regime tributário, cadeia de fornecimento e precificação de produtos e serviços.
Adaptação gradual e desafios do período de transição
A implementação da reforma será feita em etapas, com início em 2026 e previsão de conclusão em 2033. Durante esse intervalo, o sistema tributário atual coexistirá com o novo, exigindo ajustes contínuos por parte dos gestores.
A convivência entre os dois regimes tende a aumentar a complexidade da gestão fiscal, impactando especialmente as pequenas empresas, que geralmente possuem menos recursos para lidar com mudanças estruturais.
Os contadores, por sua vez, serão fundamentais nesse processo. Segundo o levantamento, 75% dos entrevistados consideram que o papel do contador será estratégico na adaptação às novas regras.
Profissionais da área poderão auxiliar as empresas na interpretação da legislação, no planejamento financeiro e na implementação de processos alinhados ao novo modelo tributário.
Impactos no mercado e oportunidades para PMEs
As pequenas empresas, que representam 99% das companhias no país e contribuem com mais de 27% do PIB nacional, enfrentarão um período desafiador nos próximos anos. A capacidade de adaptação será essencial para garantir competitividade e sustentabilidade financeira.
Por outro lado, a reforma também pode abrir caminhos para maior eficiência na gestão tributária e para a redução de distorções históricas no sistema fiscal brasileiro.
Além disso, a necessidade de adaptação traz oportunidades para profissionais e empresas do setor contábil, que poderão oferecer soluções estratégicas e consultoria especializada para facilitar a transição.
Comunicação e capacitação como ferramentas essenciais
A pesquisa da Omie destaca a importância de uma comunicação clara e eficaz para informar as pequenas empresas sobre os detalhes e prazos da reforma. O acesso a informações precisas será crucial para que os empresários tomem decisões embasadas e ajustem suas operações de maneira eficiente.
Com a proximidade das primeiras fases da implementação, iniciativas de capacitação para gestores e contadores ganham ainda mais relevância. A compreensão das novas regras será determinante para o sucesso na adaptação ao novo sistema tributário, permitindo que as empresas minimizem os riscos e aproveitem as oportunidades que a reforma pode oferecer.
Em um cenário de mudanças estruturais, a atuação proativa e o planejamento estratégico serão diferenciais para que as pequenas empresas brasileiras continuem desempenhando um papel central na economia do país.
Publicado por
Juliana Moratto