Planejamento segura emenda e políticos prometem ofensiva

Patrícia AcioliAbnor Gondim

O governo federal anunciou no começo da semana medidas de estímulo a economia, que representam renúncia fiscal de R$ 3,3 bilhões. Agora, é a vez do Planejamento se preparar para dizer de onde virão esses recursos. Mais: apesar da piora nas contas públicas nos primeiros meses do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou a sua equipe econômica que manterá os aumentos de servidores públicos negociados em 2008 – que levará os gastos com pessoal a crescer em cerca de R$ 30 bilhões este ano.

Os problemas do governo não terminam por aí. Sem ver empenhada qualquer emenda parlamentar, as bancadas do PR, PTB e o próprio PT articulam a formação de comissões de parlamentares para bater à porta do ministério. Caso o aperto não traga resultados, a moeda de troca na Câmara é a aprovação do projeto de lei que representa o pesadelo do governo: a extinção do fator previdenciário. Crise instalada, os parlamentares já tem estratégia montada para retaliação ao Executivo, e na semana seguinte a votação da reforma eleitoral, se os empenhos não avançarem, abre-se a janela para apreciar a proposta de alterações na Previdência – medida que o governo não quer ver aprovada para não passar pelo desgaste de um veto presidencial.

Entre os dias 15 e 20 deste mês, o Ministério do Planejamento deve apresentar novo contingenciamento. Em março, Paulo Bernardo anunciou o corte de R$ 21,6 bilhões na previsão de gastos para 2009, mas admitiu que, ao longo do ano, o governo poderia ter que fazer novos ajustes. No entanto, Bernardo, disse que o pagamento dos reajustes ao funcionalismo estava nos previsto – gastos com pessoal que crescem em torno de R$ 30 bilhões neste ano. A segunda parcela de aumento está prevista para este mês e faz parte de um pacote de bondades lançado no ano passado.

“Já está passando do tempo do ministro do Planejamento, sinalizar cortes”, afirmou o economista da Tendências Consultoria, Felipe Salto. “A expectativa é que até o final do ano haja ainda restrições fortes na arrecadação o que exigirá ajustes no lado das despesas do governo para poder cumprir o esforço primário e as metas estabelecidas”, acrescentou. Segundo o economista da Tendências, o governo brasileiro ganhos este ano carta branca para reduzir o primário e fazer política anticíclica, mas que isso não poderia significar despesas rígidas, que depois não possam ser desconsideradas da programação orçamentária.

Membro da Comissão Mista de Orçamento, o deputado Márcio França (PSB-SP), diz que é comum haver certo terrorismo maior do que a realidade dos números da economia mostra. “O cenário já dá sinais de recuperação. Esperamos que outubro, novembro e dezembro a arrecadação volte a níveis razoáveis”, afirmou.

Ainda assim, França prevê que o governo deve usar a estratégia de contingenciamento ‘branco’, ou seja, não usar depois preventivamente. O problema é que dinheiro empenhado nos últimos meses do ano não garante entrega de obras em 2010. “Sem falar que no próximo ano, os empenhos tem que acontecer até maio”, contou o parlamentar.

Amenizando a crise

O Orçamento da União para 2010 sofrerá um corte de 30%, mas esses recursos – estimados em cerca entre R$ 7 e 8 bilhões -, serão remanejados para atender obras previstas em 2.082 emendas parlamentares. O anúncio foi feito ontem pelo relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício de 2010, deputado Wellington Roberto (PR-PB), em entrevista ao jornal DCI. “Para a retomada do crescimento, vamos acatar as emendas parlamentares”, disse o relator, que entrega hoje seu relatório à Comissão Mista de Orçamento. “A prioridade do Orçamento para 2010 são os investimentos”.

Segundo Wellington, o corte, antecipado há dois meses, atingirá todos os setores do governo no mesmo percentual, afetando tanto despesas com o custeio da máquina quanto os investimentos. O relator justificou essa redução por causa crise financeira internacional e seus efeitos sobre a arrecadação de imposto. E defendeu o remanejamento desses recursos para aquecer a economia.

Para o deputado, o atendimento das emendas parlamentares não se refere apenas às emendas individuais. Contemplará também as emendas das comissões que são destinadas às Forças Armadas e aos ministérios, bem como as emendas coletivas das bancadas estaduais, que buscam concentrar esforços em determinadas obras.

Wellington negou que o atendimento das emendas irá turbinas as campanhas eleitorais dos autores das propostas. Isso porque, segundo ele, sempre há demora na liberação dos recursos previstos no Orçamento, o que não deve acontecer antes das eleições de 2010. Mas a estratégia do relator em atender as emendas pode ajudar o governo a amenizar a crise gerada na base aliada devido à não liberação, pelo governo, dos recursos previstos em emendas individuais.


Fonte: DCI

Data da Notícia: 03/07/2009 00:00:00

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