Meta dos Estados não é a reforma tributária

A reforma tributária voltou à tona e há alguns motivos para o otimismo e muitos para o pessimismo. Se existe alguma chance de a reforma avançar rumo à justiça, racionalização e simplificação do cipoal de tributos, ela foi criada pelas declarações do governador de São Paulo, José Serra. Ele defendeu a implantação da cobrança do ICMS no destino, que reduzirá a arrecadação paulista, no estágio inicial, e esse sempre foi o motivo da relutância de seus antecessores em se comprometerem com esse ponto crucial para a mudança tributária. Sem São Paulo, a reforma sempre empacou.


Os motivos para pessimismo começam pela pauta da reunião de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores. A esmagadora maioria dos 14 pontos apresentados é de pedidos de mais dinheiro por todas as vias imagináveis, como se a União estivesse com os cofres abarrotados e a carga tributária nacional não fosse hoje um dos principais fatores de entrave ao crescimento e da perda de competitividade brasileira. O espírito público das reivindicações levadas a Brasília é virtualmente zero e pouco se aproveita das espertezas apresentadas. É um sinal de alerta para os contribuintes, também. Todas as vezes em que se discutiu mudança em tributos, os contribuintes tiveram de colocar as mãos nos bolsos para pagar a conta.


De uma reunião em que a maioria dos Estados pede dinheiro e o governo o recusa, se poderia pensar na penúria de uns e na austeridade de outros. Falso. A carga tributária total, da qual a União abocanha o maior pedaço, cresceu para quase 39% do PIB, um novo e triste recorde. No varejo, os Estados podem ter razão em um ou outro ponto, mas no atacado fazem-se injustificadamente de vítimas. A arrecadação do ICMS cresceu 46% em termos reais entre 1997 e 2006 (“O Estado de S. Paulo”, 5 de março). Os municípios estão se preparando para entrar na discussão, mas não se pode dizer que estejam à beira da falência. A carga tributária municipal como proporção do PIB foi a que mais cresceu entre 2000 e 2006 – 25,7% (Valor, 6 de março).


A maior ambição dos Estados é que a União reparta com eles as receitas da CPMF, Cofins e CSLL. As vinculações constitucionais levaram a União a esfolar os contribuintes com esses tributos, cujas receitas não precisa compartilhar com os demais entes federativos. O essencial é fazer um redesenho geral dos impostos, mas, como ele nunca é levado adiante, os governadores querem se tornar beneficiários de iniqüidades. Há reivindicações que merecem ser discutidas, mas poucas. O não contingenciamento das verbas de segurança é uma delas, a desoneração de PIS e Cofins para empresas de saneamento é outra. O governo federal topa ambas e aceita discutir a inclusão de gastos com inativos, saneamento básico e alimentação como despesas de Saúde – uma forma de burlar a vinculação.


Nada disso, no entanto, é vital. O essencial é tomar medidas na direção de um Imposto sobre Valor Agregado, simples de cobrar e fácil de fiscalizar. Um bom passo neste caminho é a cobrança do ICMS no destino, ao qual o governo de São Paulo, com desprendimento e com uma visão certeira da necessidade de pôr fim de uma vez por todas à guerra fiscal, deu seu aval. O projeto original do governo prevê acertadamente a unificação das alíquotas em termos nacionais, o que, juntamente com a cobrança no destino do tributo, exigirá um período de transição razoável para que Estados prejudicados possam diluir perdas e se adaptem sem choques de receitas ao novo sistema.


Correndo à parte, um grupo pluripartidário vai apresentar substitutivo à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 285, que está em fase final de tramitação na Câmara. Uma de suas virtudes é a eliminação da Cofins e PIS-Pasep, que dariam lugar a um novo imposto federal, que se somaria ao IPI no âmbito federal, e ao ICMS, no estadual. Ainda não é a fórmula ideal, a de um IVA que abrangesse praticamente todos os tributos, excluído o Imposto de Renda e uma CPMF mínima regulatória, mas representaria um avanço em relação ao péssimo sistema atual. Só negociações sérias poderão corrigir o nocivo sistema tributário do país. O caminho que Serra propõe aponta para o futuro, enquanto que a maioria das reivindicações dos governadores aponta para o nada, ou coisa pior.

Fonte: Valor Online

Data da Notícia: 07/03/2007 00:00:00

Gostou do notícia? Compartilhe em suas redes sociais

dafabet

iplwin

iplwin login

iplwin app

ipl win

depo 25 bonus

slot deposit pulsa

1win login

indibet login

bc game download

10cric login

fun88 login

rummy joy app

rummy mate app

yono rummy app

rummy star app

rummy best app

iplwin login

iplwin login

dafabet app

https://rs7ludo.com/

dafabet

dafabet

crazy time A

crazy time A